Como funciona o Licenciamento de sinas fotovoltaicas?

Tempo de leitura: 4 min

Escrito por Jorge Figueredo
em maio 23, 2025

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Como funciona o Licenciamento de sinas fotovoltaicas?
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Você sabia que o licenciamento de usinas fotovoltaicas, é o processo jurídico-ambiental, que autoriza a implantação e a operação de grandes parques solares, garantindo que o empreendimento respeite normas técnicas, sociais e ecológicas.

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Sem esse conjunto de permissões, nenhuma usina pode conectar-se à rede elétrica brasileira, e captar financiamento ou comercializar a energia gerada. A exigência vale tanto para usinas centralizadas, que ocupam centenas de hectares, quanto para projetos de geração distribuída, acima dos limites de isenção.

Conhecer cada etapa, desde o Estudo de Impacto Ambiental, até a Licença de Operação, é indispensável para investidores, desenvolvedores e comunidades envolvidas, pois define prazos, custos e condicionantes, que podem inviabilizar ou potencializar um projeto solar.

Embora cada estado siga diretrizes próprias, o licenciamento no Brasil gravita em torno de três grandes fases: Licença Prévia (LP), que avalia viabilidade; Licença de Instalação (LI), que libera obras; e Licença de Operação (LO), que permite gerar energia e faturar.

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Paralelamente, há autorizações setoriais da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), além de consultas públicas e acordos com proprietários de terra.

Ignorar qualquer uma dessas instâncias implica atrasos, multas, e em casos extremos, a paralisação definitiva do parque.

Como funciona o licenciamento ambiental?

Licença Prévia (LP)
Primeiro documento emitido pelo órgão ambiental estadual (SEMAD, CETESB, IAT, etc.). Analisa a localização, características do terreno, presença de comunidades tradicionais, e sensibilidade da fauna e flora. Exige:

  • Relatório Ambiental Simplificado (RAS) para usinas menores;
  • Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), para capacidades acima dos limiares estaduais ou em áreas sensíveis;
  • Audiência pública, quando o empreendimento pode afetar várias comunidades.

A LP confirma a viabilidade, mas impõe condicionantes, que devem ser refletidas no projeto executivo.

Licença de Instalação (LI)
Concedida após apresentação de planos detalhados de controle ambiental: gestão de resíduos de construção, medidas de prevenção de poeira, controle de erosão, e programas de educação ambiental para trabalhadores. A LI:

  • Autoriza terraplenagem, cravação de estacas e montagem dos trackers;
  • Exige garantia financeira para eventual recuperação da área;
  • Define cronograma de monitoramento de fauna espantada pelas obras.

Licença de Operação (LO)
Emitida quando a obra está concluída, e todos os condicionantes da LI foram cumpridos. Permite:

  • Energização e paralelismo com a rede;
  • Comercialização da energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL), ou no Mercado Regulado;
  • Início da contagem de performance garantida aos investidores.

A LO costuma ter validade de 4 a 10 anos, renovável mediante relatórios de acompanhamento.

Autorizações setoriais complementares

Para que a usina exista no papel, o empreendedor precisa também de:

  • Registro de Projeto na ANEEL (até 50 MW) ou Autorização ANEEL (> 50 MW);
  • Acesso concedido pelo ONS e pela distribuidora local, comprovando capacidade da rede;
  • Outorga de Uso de Bem Público, caso a planta ocupe áreas da União (terrenos da Infraero, margens de reservatórios, etc.).

Esses trâmites correm em paralelo ao licenciamento ambiental, e exigem laudos topográficos, memorial descritivo, single-line diagram e estudos de fluxo de carga.

Principais desafios e boas práticas

Conflitos fundiários
Usinas típicas demandam 1,5 a 2 hectares por megawatt. Negociar arrendamentos longos (25–35 anos) requer:

  • Laudo agronômico que avalie perda de produtividade;
  • Cláusulas de reajuste atreladas ao IPCA;
  • Direito de preferência ao proprietário, para participação nos lucros de projetos de expansão.

Proteção de fauna e flora
A instalação de milhares de estacas altera corredores ecológicos. Boas práticas incluem:

  • Faixas de vegetação nativa preservada, entre fileiras de módulos;
  • Monitoramento de aves migratórias, para evitar colisões com estruturas metálicas;
  • Uso de refúgios artificiais para répteis deslocados.

Integração com comunidades locais
Projetos em regiões semiáridas, frequentemente geram expectativas de emprego. Programas de comunicação social devem:

  • Explicar cronogramas reais de contratação;
  • Priorizar mão de obra local, para funções de montagem e vigilância;
  • Oferecer capacitação em eletricidade de baixa tensão.

Documentos e prazos críticos

DocumentoEmitentePrazo típico
LPÓrgão ambiental estadual6–12 meses
LIMesmo órgão4–8 meses após LP
LOMesmo órgão2–4 meses após obras
Autorização ANEELANEEL60 dias após pedido (se documentação correta)
Parecer de AcessoDistribuidora180 dias

Obs.: os prazos podem dobrar, se faltarem estudos complementares ou houver litígios.

Tendências regulatórias

  • Licenciamento autodeclaratório: alguns estados estudam admitir RAS em formato eletrônico, reduzindo visitas de campo iniciais.
  • Zoneamento ambiental solar: mapeia áreas com menor sensibilidade, permitindo análise mais célere.
  • Compensação ambiental via reflorestamento fotovoltaico: plantar espécies nativas sob os módulos (agrivoltaica) para restaurar solos degradados.

Conclusão:

Dominar o licenciamento de usinas fotovoltaicas, não é apenas cumprir burocracias: é garantir segurança jurídica, atrair investidores de baixo custo de capital, e fortalecer a relação com as comunidades e órgãos públicos.

Planejar cada etapa, prever estudos exigidos e manter diálogo transparente, minimizam atrasos e maximizam o retorno de um setor, que cresce exponencialmente no Brasil. Para mais conteúdo relevante, sobre energia solar fotovoltaica, acesse nossos artigos mais detalhados sobre o assunto.

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