
Atualmente a Lista de certificações para painéis fotovoltaicos, ela funciona como um “RG técnico” que confirma a qualidade, a segurança e a performance dos módulos solares, antes de deles chegarem ao telhado do consumidor.
Regulamentações internacionais e nacionais, exigem que fabricantes comprovem, por meio de selos e laudos independentes, que seus produtos suportam intempéries, respeitam normas elétricas, e oferecem rendimento compatível com o anunciado.
Sem esse conjunto de atestados, o integrador corre riscos de falhas prematuras, perda de garantia e até de acidentes elétricos.
Por isso, compreender quais certificados existem, como são obtidos e o que cada um deles realmente garante, é fundamental para qualquer profissional ou entusiasta da energia limpa, que pretenda dimensionar ou adquirir um sistema solar confiável.
Por que os certificados importam
Os módulos solares trabalham expostos a radiação ultravioleta, umidade, variações extremas de temperatura e impactos mecânicos. Os certificados confiáveis provam que, o painel foi testado nessas condições e que:
- Mantém a potência nominal dentro das margens toleradas;
- Não apresenta riscos elétricos de fuga de corrente ou arco voltaico;
- Suporta cargas de vento e neve, previstas por normas de engenharia.
Sem esses comprovantes, a vida útil prometida, normalmente é de pole menos 25 anos ou mais, vira apenas marketing. Além disso, financiamentos verdes, seguradoras e linhas de crédito, exigem selos como UL ou IEC para liberar recursos.
Principais normas internacionais
IEC 61215 e IEC 61730 são referências globais.
Primeiro, o IEC 61215 submete o módulo a ciclos acelerados de calor, umidade e radiação, para simular décadas em campo. Depois, o IEC 61730 foca na segurança elétrica e mecânica, verificando isolamento, inflamabilidade e resistência a impactos.
Painéis aprovados exibem menor risco de microfissuras e hot-spots. Outra chancela relevante é a UL 1703/UL 61730 (versão norte-americana das IECs), exigida quando o sistema será conectado à rede nos EUA ou no Canadá.
Certificações de desempenho específico
Além das “obrigatórias”, selos adicionais agregam valor:
- PID-Free (Potential Induced Degradation): garante tolerância a degradação induzida por tensão, fenômeno que reduz potência ao longo do tempo.
- IEC TS 62804: norma recente que formaliza ensaios contra PID.
- IEC 62716 – Amônia Resistance: importante para instalações próximas a granjas, pois o gás corrói rapidamente alumínio e soldas.
- IEC 61701 – Salt Mist: vital para quem instala em zonas litorâneas, onde névoa salina acelera oxidação.
Ter esses laudos não é obrigatório, mas diferencia painéis premium, com desempenho estável em ambientes agressivos.
Selos de sustentabilidade e rastreabilidade
Com a pauta ESG em alta, surgem certificações “verdes”:
- Carbon Footprint of Products (CFP): mede as emissões de CO₂ de toda a cadeia de produção do módulo.
- EPEAT ou Energy Star (EUA): indicam menor impacto ambiental e melhor eficiência energética.
- Certificado de Origem de Silício Responsável: rastreia matéria-prima e combate trabalho forçado em minas.
Esses selos não interferem tecnicamente na geração, mas influenciam editais de empresas que buscam compromissos climáticos sérios.
Processo de ensaio e organismos certificadores
Para conquistar um selo, o fabricante envia amostras a laboratórios independentes, como TÜV Rheinland, SGS ou CSA Group. Lá, o painel enfrenta:
- Câmara climática (-40 °C a +85 °C) em ciclos de 1 000 h;
- Teste de carga mecânica simulando ventos de 2 400 Pa e nevascas de 5 400 Pa;
- Flash test que confere se a potência real coincide com a declarada;
- Inspeção visual e eletroluminescência para detectar microtrincas.
Terminados os ensaios, o laboratório emite um relatório detalhado, e se tudo estiver dentro das margens, libera o certificado com validade de até cinco anos. Auditorias anuais garantem que futuras remessas mantenham o padrão.
Como o integrador deve usar a lista
No dia a dia, o profissional deve:
- Exigir cópias dos relatórios em PDF, não apenas o selo no datasheet;
- Conferir datas de validade, e se o modelo exato foi testado (versões bifaciais, half-cell, etc.);
- Comparar ensaios adicionais (PID, névoa salina) de acordo com o local da instalação;
- Checar organismos reconhecidos pelo Inmetro, ou por acordos de reconhecimento mútuo (ILAC).
Seguir essa verificação reduz o retrabalho, fortalece a reputação da empresa de instalação e assegura retorno financeiro ao cliente.
Perspectivas futuras
Novas tecnologias como perovskita, tandem e painéis flexíveis, exigirão padrões de teste revisados. Organismos já discutem a IEC 63209, para degradabilidade acelerada de módulos avançados.
Ao mesmo tempo, a digitalização deve criar QR codes no painel, que linkam diretamente aos laudos, simplificando conferências em campo. Sendo assim, manter-se atualizado na lista de certificações, não é burocracia: é estratégia de competitividade em um mercado, que cresce a dois dígitos ao ano no Brasil.
Compreender a lista completa de selos, portanto, permite escolher módulos realmente aptos a encarar décadas de sol, chuva e variações de temperatura, oferecendo segurança técnica e reputacional em qualquer projeto fotovoltaico.
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