Luminescentes em células solares: Saiba como funciona?

Tempo de leitura: 5 min

Escrito por Jorge Figueredo
em maio 29, 2025

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Luminescentes em células solares: Saiba como funciona?
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A presença de materiais luminescentes em células solares, tem ganhado cada vez mais destaque nas pesquisas, voltadas ao aumento da eficiência dos sistemas fotovoltaicos.

Esses materiais têm a capacidade de absorver a luz solar, em comprimentos de onda menos aproveitados pelas células tradicionais, e reemitir essa energia em comprimentos mais favoráveis à conversão fotovoltaica.

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Ou seja, eles funcionam como “tradutores de luz”, ajustando o espectro solar, para torná-lo mais adequado às células, especialmente as feitas de silício. Essa técnica é vista como uma solução promissora, para superar um dos principais desafios do setor: a limitação na absorção de determinadas faixas do espectro solar.

Em outras palavras, os luminescentes são aplicados, para melhorar o aproveitamento da luz incidente, convertendo comprimentos de onda, que normalmente seriam desperdiçados em energia utilizável.

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Isso é especialmente relevante em células de camada fina, e tecnologias emergentes, onde cada ganho na absorção e conversão de luz, representa um avanço importante.

A utilização de compostos como pontos quânticos, corantes orgânicos e fósforos inorgânicos é comum, nesse contexto, e o seu comportamento óptico, tem sido objeto de estudo intensivo.

O grande objetivo é maximizar a geração de energia elétrica, a partir do mesmo recurso solar, sem exigir modificações estruturais profundas nos painéis já existentes.

Como funcionam os materiais luminescentes?

Os materiais luminescentes, atuam por meio de processos conhecidos como, conversão ascendente (upconversion) e conversão descendente (downconversion). Esses mecanismos ajustam a energia da luz, que chega à superfície da célula, tornando-a mais útil para gerar eletricidade.

  • Conversão descendente: transforma fótons de alta energia, (como o ultravioleta) em dois ou mais fótons de energia mais baixa, que podem ser melhor aproveitados pelas células solares.
  • Conversão ascendente: combina dois ou mais fótons de baixa energia, (como os do infravermelho) para produzir um fóton de maior energia, compatível com a faixa de absorção da célula.

Essas reemissões ocorrem por meio de processos ópticos controlados, geralmente com o uso de dopantes específicos ou compostos semicondutores. A vantagem é que esses processos, não exigem fontes externas de energia, e ocorrem passivamente à medida que o material interage com a luz solar.

Com isso, consegue-se ampliar a faixa de radiação solar utilizável pelas células, aumentando sua eficiência, sem a necessidade de alterar drasticamente sua estrutura.

Além disso, os materiais luminescentes podem ser aplicados, como camadas externas ou filmes colocados acima da célula solar, o que facilita a integração com módulos já existentes. Essa flexibilidade de aplicação, tem contribuído para o crescimento do interesse industrial no uso dessa tecnologia.

Tipos de materiais luminescentes usados em células solares

Diversos tipos de materiais, estão sendo explorados com o objetivo, de converter a luz de forma eficiente e estável. Cada tipo tem suas particularidades em termos de custo, estabilidade e desempenho óptico.

Entre os principais materiais utilizados, destacam-se:

  • Pontos quânticos (quantum dots): nanopartículas semicondutoras, com propriedades ópticas ajustáveis de acordo com seu tamanho. São muito promissores devido à sua alta eficiência de conversão espectral.
  • Corantes orgânicos luminescentes: moléculas sintéticas que absorvem luz, e emitem em comprimentos de onda específicos. São leves, baratos e fáceis de processar, mas podem ter menor durabilidade.
  • Fósforos inorgânicos: geralmente compostos de terras-raras, são conhecidos por sua alta estabilidade térmica, e luminescência duradoura. São mais utilizados em sistemas que exigem robustez.

Esses materiais são incorporados em diferentes formas, como filmes finos, matrizes poliméricas ou camadas intercaladas em estruturas multicomponentes. A escolha do material depende do tipo de célula solar, do ambiente de uso e dos objetivos específicos do projeto.

Benefícios e desafios da aplicação dos luminescentes

O uso de conversores espectrais baseados em luminescência, oferece vários benefícios estratégicos para o setor solar, sobretudo quando se trata de extrair, o máximo possível da luz solar disponível.

Vantagens:

  • Aumento da eficiência quântica externa (EQE): mais fótons são convertidos em corrente elétrica.
  • Aproveitamento de faixas de luz antes desperdiçadas: como o UV ou o infravermelho próximo.
  • Integração simples em módulos já existentes, sem necessidade de reengenharia do dispositivo.

Apesar desses benefícios, ainda existem alguns desafios tecnológicos e econômicos a serem superados. A estabilidade dos materiais ao longo do tempo, especialmente sob exposição prolongada à radiação solar, e às variações de temperatura, é uma preocupação constante.

Além disso, o custo de produção e a compatibilidade, com processos industriais de larga escala, ainda limitam a adoção em massa.

A pesquisa segue avançando, no sentido de tornar esses materiais mais acessíveis e duráveis, de forma que o ganho em eficiência, supere o investimento necessário para sua implementação. A tendência é que, à medida que essas barreiras forem vencidas, os luminescentes se tornem parte integrante das tecnologias fotovoltaicas comerciais.

Aplicações práticas e perspectivas futuras

A aplicação de materiais emissores de luz em células solares, já começa a sair dos laboratórios e migrar para usos práticos, sobretudo em projetos de demonstração e protótipos. A tendência é que essa tecnologia, ganhe espaço especialmente em áreas como:

  • Edifícios com integração fotovoltaica (BIPV)
  • Dispositivos portáteis de geração solar
  • Painéis para regiões com alta incidência de luz difusa ou ambientes urbanos

No entanto, a possibilidade de criar painéis mais eficientes, sem aumentar seu tamanho ou alterar sua arquitetura estrutural, abre espaço para produtos solares mais discretos, leves e adaptáveis. Isso pode significar um salto importante na adoção da energia solar, em nichos antes considerados inviáveis.

O futuro dos materiais luminescentes na energia solar, está intimamente ligado à inovação em nanotecnologia, química de materiais e engenharia óptica. Conforme essas áreas avançam, os luminescentes devem se tornar uma ferramenta crucial, para ultrapassar os limites atuais da eficiência fotovoltaica.

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